quarta-feira, 15 de julho de 2015

"Caso" e "Causo"


A palavra "causo"
ganhou o "status" de "correta",
mas com significado diferente de "caso".



Há casos e causos. A palavra "causo" surgiu no Brasil como uma corruptela de "caso". Entretanto, com o tempo, ganhou uma força popularmente representativa a tal ponto que passou a ser aceita correta, embora com origem informal, nas com significado de humor principalmente à maneira sertaneja. Ou seja: um caso é uma narração de um fato verdadeiramente ocorrido. Um causo é uma narração de algo que realmente aconteceu ou não, mas de forma engraçada, como se fosse piada. Os defensores da linha mais conservadora da língua portuguesa relutam em considerar "causo" como uma palavra correta ou pelo menos "informalmente aceitável".
"Corruptela" é uma palavra surgida da deformação ou de um erro gráfico e/ou fonético relacionado à palavra ou expressão original, e que com o passar do tempo passa a ser amplamente usada como correta. Em muitos casos, a nova palavra assim surgida passa a ter um significado diferente do da original. Na língua portuguesa falada no Brasil, muitas palavras hoje consideradas mesmo formalmente corretas são corruptelas. Uma destas é "você", que surgiu da expressão "vossa mercê". A forma plural desta palavra - "vocês" - também é uma corruptela formada a partir de "vossas mercês". Entretanto, em casos como estes, os significados originais foram mantidos.
Um dos causos que muitas pessoas que viveram na época contam baseados em casos tem como personagem principal o jogador de futebol Perácio (José Perácio Berjun), famoso por ser muito brincalhão. Perácio integrou a seleção brasileira na Copa Mundial de 1938, ocorrida na França. Na viagem para a Europa, ele levou um binóculo. Quando outro jogador lhe perguntou o motivo, ele explicou que queria ver a linha do Equador de pertinho. Muitas pessoas contam essa história como se fosse por ele ser "semianalfabeto", mas é óbvio que foi mais uma de suas famosas brincadeiras. De qualquer forma, é um causo.

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